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A solidão na maturidade

Solidão pelo dicionário é definida como “estado de quem se acha ou se sente desacompanhado ou só; isolamento”

Muito se tem escrito sobre como o mundo está estranho. Enquanto as redes sociais aproximam as pessoas, permitindo encontros daqueles que há muito não se viam ou mesmo conhecer gente do outro lado do mundo, na vida real uma das maiores reclamações que tem chegado aos consultórios de médicos, psicólogos, psiquiatras, em grupos de apoio e até mesmo entre amigos e conhecidos diz respeito a solidão.

Solidão pelo dicionário é definida como “estado de quem se acha ou se sente desacompanhado ou só; isolamento”. Assim, a solidão pode ser momentânea ou contínua, por vontade própria ou imposta, por necessidade ou por abandono. O ser humano é um ser social. Dependem uns dos outros, da vida em sociedade, da troca de calor humano e de interação. Pessoas, em estado normal, conseguem conviver bem com a solidão porque sabem que há vida ao seu redor e podem interagir a qualquer momento se assim o desejar. Entretanto, a vida em ritmo frenético nas grandes cidades, o avançar da idade e suas limitações, a morte de colegas, parceiros, conhecidos e principalmente o afastamento de familiares – por motivos que não cabem neste artigo – está criando uma legião de idosos abandonados, que por conta deste desamparo, tem sua saúde física e mental prejudicada.

Desta forma, a queixa dos idosos diz respeito à solidão social. Abandono sentimental, abandono físico, falta de vida social e falta de perspectiva atingindo diretamente a saúde e bemestar daqueles que deveriam, nesta fase da vida, ter paz de espírito e conforto. Como fenômeno social são vários os estudos que estão sendo desenvolvidos nessa linha de abordagem e o ponto comum nestes estudos é a certeza que a solidão deixa o ser humano mais propenso a doenças, depressão e a um isolamento ainda maior. Um círculo vicioso difícil de ser quebrado. Há quem diga que as cidades, igrejas, ongs entre outros, oferecem grupos de apoio, de convivência. Sim oferecem e como política social toda ação neste sentido é muito bem-vinda. A população do mundo está envelhecendo. Consequentemente, em alguns anos teremos mais idosos e estes idosos vivendo cada vez mais tempo.

Nesse caso, cabe a toda sociedade – até como prevenção – exigir, participar e criar redes de apoio e convivência, de informação de direitos e deveres, de lazer e cidadania. Ainda assim, aproveite estas dicas de como evitar a solidão:

1. Evite ficar “no passado” – a repetição do “no meu tempo isso”, “no meu tempo aquilo” não só entristece quem fala como cansa quem ouve.

Uma coisa é contar alguma história da sua vida, outra é a lamentação como se o presente fosse um fardo. Lembre-se “seu tempo é agora”. Reconheça que toda sua vida foi de mudanças, de desenvolvimento tecnológico e que para cada novidade que surgia havia um período de adaptação.

2. Pratique atividade física – além de melhorar a disposição e bem-estar, quando praticado em grupo, fortalece as relações sociais.

3. Ocupe sua mente – participe de cursos de seu interesse, crie grupos para passar suas experiências, estude algo novo, aprenda novas habilidades, sempre é tempo.

4. Seja voluntário – sempre há alguém precisando de auxílio, participe na sua igreja, na associação de bairro, no hospital mais próximo. Se ofereça para ajudar e faça disso uma obrigação para com o mundo. Um pouco da sua ajuda faz muito pela sociedade.

5. Proponha reuniões familiares ou com amigos – crie uma tradição, ofereça a casa e faça reuniões no estilo americano – cada um leva um prato e uma bebida. Assim não pesa para ninguém. Semanal, mensal, bimestral. Veja a disponibilidade e convide.

6. Viaje – busque informações para viagens que caibam no seu bolso, cidades históricas, balneários. Interaja com os participantes, descubra novos lugares e olhares do mundo.

7. Adote um animal de estimação – crie uma rotina com seu bichinho – de peixe a hamster; de pássaro a cachorro. Cuidar de um animal de estimação é motivador. Procure um animal que caiba dentro de sua casa, perspectivas, orçamento e principalmente, disponibilidade.

8. Saia de casa TODO DIA, pelo menos uma vez por dia – nem que seja para dar bom dia para o porteiro. Saia, caminhe no quarteirão, vá comprar pão, regar a planta da calçada. O ato de sair de casa faz ver o céu, a rua, outras pessoas. Faz ser vista(o).

9. Busque auxílio – está se sentindo sozinha(o), mal ou indisposta(o), tenha sempre por perto o telefone de uma pessoa de confiança e entre em contato. Não espere a solidão ou a indisposição passar sozinha.

Giana Benatto Ferreira é advogada, membro da Comissão do Direito do Idoso da OABMT

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